O retrato da geriatria em Pernambuco

Geriatria é o ramo da medicina que estuda a prevenção e o tratamento de doenças relacionadas à velhice, objetivando o prolongamento da vida do paciente. A gerontologia caminha junto com a geriatria e tem como estudo o processo biológico de envelhecimento cuidando da qualidade de vida dos idosos, levando em conta os aspectos ambientais, sociais e culturais. A Geriatria vem se consolidando como especialidade médica, independente das outras especialidades clínicas. É consagrado, hoje, que o organismo do idoso apresenta características próprias, diferentes das de um adulto, apresentando problemas orgânicos de natureza diversa. O papel do geriatra em relação a esses indivíduos é tentar fazer com que estes possuam uma velhice mais tranquila e sem desconforto para que possam manter um ritmo de vida saudável independente e feliz.

É com esta bandeira da qualidade de vida do idoso, que Alexandre de Mattos, médico geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria - PE, defende a necessidade de Residências Médicas de Geriatria em Pernambuco. Expõe a falta de geriatras e preceptores no estado e que, os raríssimos profissionais que existem, são subutilizados, sem poder exercer a atividade geriatra para a qual foram formados, nem as atividades de preceptoria em geriatria, para formar mais geriatras.

É evidente o aumento acelerado do número de idosos no Brasil e ainda se conhece muito pouco sobre a pessoa idosa. O Recife é a terceira capital do Brasil em números relativos de idosos. De acordo com o censo feito pelo IBGE, em 2000, o país tem hoje 18 milhões de pessoas com idade igual ou maior que 60 anos - desses, quase dois milhões já passaram dos 80 anos. O mesmo instituto projeta que, em 2025, serão 32 milhões idosos no país. E quem cuida dessas pessoas? Quem trata das questões específicas do envelhecimento, na saúde, direitos, na cidadania? O Recife conta com sete geriatras titulados pela Associação Médica Brasileira e reconhecidos pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco.

"Esta grave situação que é desconhecida pela maioria da nossa sociedade pernambucana e negligenciada por nossos governantes, deve-se à falta de residência médica de geriatria em Pernambuco e à grande concentração dos programas de residência em geriatria no eixo sul e sudeste do país. Muitos destes idosos estão vivendo sua finitude sem dignidade, sem paliação e com sofrimentos desnecessários. Mudar este panorama é a nossa bandeira, a bandeira da geriatria e da gerontologia, mas precisamos de toda a sociedade organizada e conscientizada, das entidades médicas unidas pela causa e do compromisso e sensibilidade do Governo para com o idoso e o crescimento da gerontogeriatria”, observa o geriatra Alexandre de Mattos.

ALEXANDRE DE MATTOS é médico geriatra do Hospital Oswaldo Cruz e Professor e Preceptor de geriatria da Universidade de Pernambuco. Também exerce atividade de consultório privdo em geriatria. Preside a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – PE, em sua segunda gestão, onde vem realizando trabalho pelo crescimento da geriatria e gerontologia Pernambucana. Ajudou a implantar no Estado, na Faculdade de Ciências Médicas – UPE, a inclusão do ensino da geriatria no currículo da graduação de medicina e é responsável pela preceptoria dos únicos 6 leitos específicos para geriatria que existem hoje no Estado de Pernambuco, no Pavilhão Júlio de Melo do Hospital Oswaldo Cruz. Desenvolve trabalho acadêmico na geriatria da Universidade de Pernambuco, tendo recebido o título de Professor nota 10 pelo corpo discente de medicina da UPE-FCM.

Fontes:
Diario de Pernambuco
Revista Cremepe